Pesca de Caboz, Marachomba ou Blénio de água doce (Salaria fluviatilis) na Barragem do Caia


Origem
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Distribuição Geográfica
Esta espécie de água doce encontra-se na maioria dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo, com as suas populações em nítida regressão, sendo já considerada uma espécie rara e ou em perigo de extinção. Em Portugal, o Caboz de água doce aparece apenas na bacia hidrográfica do Guadiana onde, para além do próprio Rio Guadiana, existe ainda nos seus afluentes como o Xévora, Degebe e outros. Aparece na Albufeira do Caia.
Características
Peixe de pequenas dimensões, excepcionalmente consegue ultrapassar o tamanho de 15 cm. Os machos adultos dominantes possuem uma crista na parte superior da cabeça (ver ilustração), por oposição às fêmeas. A cabeça é alta e móvel, onde se destaca um pequeno tentáculo sobre cada olho e com uma boca cujos maxilares estão providos de dentes. As barbatanas dorsal e anal são grandes ao longo do corpo, tendo este uma coloração geral acastanhada com manchas transversais mais escuras e desenhos sinuosos.
Hábitos
O caboz-de-água-doce é uma das espécies dulciaquícolas de uma grande família – Blenniidae – composta maioritariamente por espécies marinhas. Esta espécie prefere cursos de água doce bem oxigenados, de regime lêntico ou lótico, com substrato pedregoso, com cascalho e areão. O modo de vida desta espécie bentónica está intimamente associado ao substrato, pois é nas rochas, cascalho e areão que realizam as suas posturas. Os adultos são mais solitários e de comportamento vívido, alimentando-se de insectos e suas larvas, pequenos crustáceos e alevins de peixes. O caboz-de-água-doce possui uma longevidade de cerca de 4 anos, e a sua sobrevivência encontra-se ameaçada pela destruição do habitat natural, poluição e regulação dos sistemas hídricos.
Habitat
Habita preferencialmente em locais com águas limpas e fundos pedregosos onde procura esconder-se. É um peixe muito vulnerável a qualquer alteração prejudicial ao seu habitat.
Alimentação
É considerada uma espécie carnívora, alimentando-se sobretudo macroinvertebrados larvas de insectos, crustáceos e alevins, ocasionalmente pequenos peixes.
Reprodução
A sua reprodução realiza-se entre Maio e princípios de Agosto. O macho exerce uma forte custódia durante a desova, protegendo as suas fêmeas, as quais podem depositar quase sempre debaixo das pedras uma média de 400 a 600 ovos por cada e numa única vez em cada ano.
Entre Abril e Julho, o macho torna-se ainda mais territorial, e desenvolve uma crista cefálica proeminente. De seguida, procede à escolha de um local adequado para as posturas de várias fêmeas como uma pedra ou uma cavidade no substrato, e começa a cortejar as fêmeas. Após as posturas por parte das fêmeas, é o macho que fecunda os ovos, vigia o ninho, que o limpa, defende e cuida dos ovos, podendo mesmo deixar de se alimentar até os ovos eclodirem passados cerca de 15 dias. As pequenas larvas de caboz-de-água-doce continuam a beneficiar da protecção indirecta do macho, enquanto estiverem no seu território. As larvas e juvenis desta espécie são carnívoras e possuem hábitos gregários, procurando refúgio e larvas de insectos e crustáceos, em aglomerados de algas dulciaquícolas como as Chara sp. e Nitella sp.